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IGREJA DA MISERICÓRDIA

De linhas muito simples, com um interior de nave única e altar-mor elevado, a igreja segue a configuração mais usual dos templos das Misericórdias. As paredes são decoradas com um silhar de azulejos azuis e amarelos de padrão "tapete" seiscentista, nos nichos ao longo da nave, encontramos diversas esculturas sacras em madeira e na parede fundeira da capela-mor está o belíssimo retábulo datado de 1590 da autoria do pintor Giraldo Fernandes do Prado, sendo este o único exemplar da pintura maneirista existente no distrito de setúbal, que se encontra ainda no seu local de origem.
Desde a fundação da Misericórdia de Almada em 1555 que surgem referencias à igreja da Misericórdia, no entanto, foi somente em 1564, que o provedor Nuno Furtado de Mendonça, junto com os irmãos que serviam nesse ano, determinou o início das obras de remodelação da igreja, a qual seria a antiga capela medieval do hospital e albergaria de Santa Maria de Almada e cuja posse administrativa tinha passado anos antes para a Misericórdia de Almada.
Deste modo, os irmãos deliberaram por obras de ampliação executadas pelo mestre pedreiro Pedro Gomes entre as quais se destacam: a retirada do arco de dentro com o intuito e que a casa se fizesse toda uma; a troca entre a porta de entrada e o altar e dando lugar aqui a uma nova porta com acesso para a praça que dava para a rua do castelo.
Após esta primeira intervenção outras se sucederam. A primeira, no ano de 1574, executada pelo pedreiro João Nunes que fez obras no altar, nas escadas e grades. Em 1594, na provedoria de Manuel de Sousa Coutinho executou-se a guarnição do telhado à mourisca e do “alevantar” das paredes, realizadas pelo irmão da Misericórdia Gaspar Gonçalves.
O terramoto de 1 de novembro de 1755 deixa-a seriamente danificada, ficando de pé apenas o altar-mor com o retábulo. A reconstrução iniciou-se em setembro de 1756 e foi concluída em 1758. As obras de carpintaria do forro do teto, do guarda-vento da igreja, foram executadas pelo mestre carpinteiro Inácio Monteiro Alves. Colaboraram também os mestres pintores José Nunes e João Gomes Baptista, que nesta altura terão dado alguns retoques nos painéis do retábulo. Terá sido também nesta altura que se prolongou o espaço da igreja, fazendo-a acompanhar o traçado da rua e conferindo-lhe a forma ligeiramente obliqua que a caracteriza e mantém até hoje.
Igreja da Misericórdia
Ao longo do séc. XIX fizeram-se sucessivas campanhas de pequenas obras, pressupondo-se terem sido efetuadas alterações de revestimentos nas paredes, teto e pavimentos.
Durante o século XX a igreja passou a fazer parte do edifício do hospital da Misericórdia, mais tarde hospital distrital de Almada, cuja necessidade de adquirir mais espaços para gabinete de consultas e exames levou a que fossem amputadas capelas laterais da igreja, assim como o acesso à casa do despacho.
Nos finais dos anos 90 a degradação era evidente e foi somente em 2009 que a Santa Casa da Misericórdia, numa candidatura conjunta com a Câmara Municipal de Almada a fundos do QREN, no âmbito do programa PORLISBOA, conseguiu parte do financiamento para executar as obras de restauro da igreja e do seu retábulo, tendo ficado concluídas em novembro de 2013.
A igreja está classificada como Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 404/2013).

RETÁBULO

O retábulo pictórico, que se encontra na igreja da Misericórdia, é da autoria de Giraldo Fernandes do Prado e foi executado entre os meses de março e dezembro de 1590 por encomenda do provedor Francisco de Andrada, cronista-mor do reino.
De invocação mariana, é composto por seis pinturas a óleo sobre madeira de carvalho. Estas retratam cenas da vida da Virgem Maria, uma das quais é a Visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel, pintura central do painel. Esta cena encontra-se em destaque por ser Nossa Senhora da Visitação a padroeira da Misericórdia de Almada, escolhida pelos irmãos da confraria porque nesse dia fez Nossa Senhora misericórdia quando visitou sua prima.
Segundo o historiador Vítor Serrão, trata-se “do único e belo exemplar de pintura maneirista em Portugal existente no concelho de Almada e no distrito de Setúbal”, e que “ainda se encontra completo no seu lugar de origem”.
Neste notável conjunto de tábuas do retábulo, distingue-se o estilo de figura, o modelo de rostos, o modo de gizar tecidos e quebrar volumes, a liberdade de aberturas ao paisagismo e o rasgamento de segundos planos.
A obra de marcenaria foi encomendada ao mestre Henrique Antunes e o trabalho de douramento foi entregue aos pintores-douradores lisboetas Francisco Rodrigues e Luís Álvares de Andrade, o Pintor-santo.
Giraldo de Prado (1535? -1592), pintor-cavaleiro, natural de Guimarães e, desde os princípios da década de 1580, residente na vila de Almada, praticava a arte da pintura como arte liberal, mais do que como profissão corrente, mesmo assim a sua arte ficou célebre entre os mais eruditos com os quais convivia. (...). Segundo Vítor Serrão (2004, p. 274 e segs.), Giraldo de Prado foi um talentoso pintor quinhentista, muito influenciado por modelos maneiristas italianizantes de Gaspar Dias e outros mestres de Lisboa. Em 1585, o pintor é nomeado pelo duque de Bragança, D. Teodósio II, e pai do futuro D. João IV, cavaleiro da sua casa ducal.
Giraldo de Prado faleceu na vila de Almada a 4 de julho de 1592 e foi enterrado na igreja de São Tiago com a tumba da casa e acompanhamento da irmandade, dando de esmola mil reais para socorrer os pobres. (FLORES, A.; COSTA, P., «Giraldo Fernandes de Prado», in Flores, A.; Costa, P., Misericórdia de Almada: das origens à restauração, 2006, pp. 120-124).
Igreja da Misericórdia
Igreja da Misericórdia

INFORMAÇÕES

Morada:
Rua D. José de Mascarenhas, 2800-119 Almada
Visitas:
Visitas guiadas todos os últimos sábados do mês, com marcação prévia e grupos mínimos de 10 pessoas. Disponibilidade de visitas guiadas nos dias úteis, com agendamento.
Horários:
Horário de Verão (maio-setembro): 18h00
Horário de Inverno (outubro-abril): 17h00

INSCRIÇÕES

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